
Valentina, eu sou ou não.
Valentina Rosselli: Musa da Sensualidade e do Imaginário Feminino nos Quadrinhos de Guido Crepax
Nos domínios oníricos e provocantes das histórias em quadrinhos, poucas figuras cintilaram com tanto magnetismo quanto Valentina Rosselli. Criada pelo mestre italiano Guido Crepax na efervescente década de 1960, Valentina não foi apenas um personagem — ela foi uma revolução silenciosa. Em um tempo em que as mulheres nos quadrinhos orbitavam ao redor de heróis, ela surgiu como centro gravitacional: autônoma, intelectual, bela e inegavelmente sensual.
Valentina era fotógrafa, mas enxergava o mundo com mais do que uma lente — via com a alma. Intrépida e inquieta, ela navegava entre sonhos e delírios, realidade e fantasia, desafiando o leitor a acompanhá-la em jornadas internas e externas, sempre conduzidas por uma psique tão complexa quanto fascinante. Através dela, Crepax traçou caminhos narrativos que ousaram explorar não apenas a estética do erotismo, mas a densidade emocional e a força de uma mulher que nunca se rendeu a arquétipos.
Mais do que bela ou provocante, Valentina foi — e ainda é — símbolo de emancipação. Em suas páginas, não se dobrava à lógica do masculino, nem se conformava ao papel ornamental a ela reservado. Ela existia em sua plenitude: desejava, decidia, sonhava, enfrentava. Foi uma das primeiras a reivindicar para si o protagonismo sem renunciar à sensualidade, mostrando que uma mulher pode ser tantas em uma só — e todas verdadeiras.
Ao revisitarmos as figuras femininas nos quadrinhos contemporâneos, reconhecemos em Valentina uma ancestral. Sua influência é sutil, mas profunda: está na multiplicidade das personagens atuais, na complexidade de suas emoções, na coragem com que enfrentam o mundo. Ainda que o panorama dos quadrinhos nem sempre avance na mesma cadência, Valentina permanece como farol — lembrando-nos de que há sempre mais a conquistar na forma como representamos e reconhecemos a mulher em sua totalidade.
Esta exposição propõe um mergulho nas múltiplas Valentina: recortes de sua existência gráfica e simbólica, fragmentos que ecoam até hoje em tantas outras narrativas visuais. Ao apresentá-la, não apenas celebramos a audácia de Crepax, mas reafirmamos a importância de histórias que desafiem os limites, provoquem o olhar e celebrem, com delicadeza e ousadia, a vastidão da experiência feminina.
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